Em pouco mais de 10 anos, o Buraco entrou pra história como um dos maiores campos de solturas de balões de São Paulo
Olá amigos, desde os primórdios dos balões, os campos de soltura foram se propagando e ganhando fama assim como os artistas, os baloeiros que soltavam os seus balões acompanhados por dezenas e até milhares de pessoas. Se nos anos de 1970 e começo dos anos de 1980 esses campos, na maioria das vezes, campos de futebol de várzea, terrenos baldios e praças ficavam sempre dentro das cidades e nos bairros, na segunda parte dos anos de 1980, em busca principalmente de um clima melhor, os baloeiros começaram a se afastar dos grandes centros para soltar seus balões.
Mesmo havendo grandes campos de soltura nas grandes cidades, eles ficaram mais direcionados para a realização de festivais e de solturas de balões de pequeno e médio portes. Aqui em São Paulo, os balões gigantes foram indo para o interior devido as melhores condições climáticas e o primeiro local a ser utilizado foi o Campo de Jordanésia na região de Cajamar, cidade a 30 km da capital. Lá tivemos solturas memoráveis de grandes balões das principais turmas de São Paulo até o fim dos anos de 1980 que, em breve, vamos contar a sua história. Depois, vieram os campos de Santa Inês em Mairiporã e o Sitio de Claudinho Alvarenga em Itapevi, também na região metropolitana que já contamos em outras matérias da coluna Campos do Passado.
Com a chegada da lei em 1998, os baloeiros foram obrigados a parar de soltar balões dentro da cidade e a busca por campos mais afastados aumentou. Nessa época surgiram mais campos como o Lixão do Cabuçu, o Marmelo em Guarulhos e o sítio do Ditinho em Nazaré Paulista, cidade coladinha com Guarulhos.
O primeiro balão a ser solto por lá foi o balão do Fabio Lata em 1997:
Com o passar dos anos, o sítio do Ditinho foi se tornando o principal campo de soltura de balões, principalmente das turmas de Guarulhos e zona leste de São Paulo e, uma delas, a Balão Mágico muito conhecida pelos seus grandes balões e festivais, numa Joint Venture com a Buffalo Branco soltou um 11×11 com armação em agosto de 1999:
Logo depois da soltura da armação, tiveram a ideia de juntar turmas amigas especializadas em resgates e soltar os balões numa enorme revoada que ficou conhecida como a Super Revoada de Gigantes.
A Super Revoada de gigantes da Balão Mágico e Buffalo Branco foi realizada no feriado de 1º de maio de 2000 e foi um grande sucesso com dezenas de balões soltos com fogos:
Anos depois, procuraram o Ditinho para fazer uma segunda edição da Super Revoada, mas o Ditinho não quis. Pouco tempo depois, o Homero encontrou com o genro do Ditinho, comentou que queria fazer a revoada mas ele não queria aí o genro dele comentou que além daquele sítio em Nazaré, ele tinha um enorme terreno no bairro do Pião em Piracaia bem na divisa com Igaratá e Nazaré Paulista que era um enorme buraco.
Além do nome do bairro ser bem sugestivo, o Homero e o Dedinho foram lá e realmente o campo era muito bom. Ficava perto da Rodovia Dom Pedro I, de fácil acesso e realmente era num buraco de mais de 3 km só de descida.
Como o sonho do Homero era de ter um campo para que, não só a Balão Mágico, mas todos os baloeiros pudessem soltar seus balões, foi falar com o Ditinho e ele, a princípio, não se interessava em vender, mas depois de uns dias ligou para o Homero lhe oferecendo. Empolgado com a oportunidade de ter seu sítio, só havia um problema: ele não tinha todo o dinheiro.
Foi aí que o Lessinho (Tôa Tôa) amigo do Homero entrou na história. Completou o restante e ambos compraram o terreno. E, em 20 de abril de 2003, foi realizada a 2ª Revoada de Gigantes da Balão Mágico e Buffalo Branco:
Depois do enorme sucesso da revoada, no fim de semana seguinte, a primeira soltura de um balão solo foi a do Modelado de 34 metros da Sandú Mosaico e Vagalume:
Pouco mais de um ano depois, enfim, o sonho do Homero em ter um campo para soltar seus balões foi realizado com a soltura do Truffi de 52 metros:
Logo após a soltura desse balão, começaram a preparar e estruturar o campo para receber as turmas para soltarem seus balões. Lá não tinha nada, só uma velha cobertura de telhas. Primeiro construíram as paredes dessa cobertura transformando-a numa casa e depois construíram o salão para as turmas puderem guardar os seus balões.
Em 2005, o Homero organizou um novo festival que foi um enorme sucesso. Em breve vamos disponibilizar as fotos pra vocês.
Já no ano seguinte, em 08 de julho de 2006, a Recanto dos Balões tentou soltar seu modelado de 32 metros que ficou marcado como o primeiro balão do novo “Buraco do Homero”:
E assim foi, de 2006 pra frente, praticamente todas as maiores turmas de baloeiros de São Paulo soltaram seus balões no buraco. Vamos relembrar os gigantes e balões de destaque que subiram por lá em todos esses anos:
A Buraco era um campo de fácil acesso pela rodovia, porém de péssimo acesso ao campo. Fato é que tanto o Homero quanto ao Lessinho, fizeram de tudo para melhorar as rampas de acesso que tanto faziam os carros patinar e atolar. Por ser um campo imenso e numa região de clima bom isso ajudou a se popularizar. Para muitos o clima lá era traiçoeiro, era preciso conhecer bem a região, mas mesmo assim, muita gente sofreu com seus balões por lá devido ao clima que, por muitas vezes mudava do nada com rajadas violentas. Diversos balões, de médio porte a gigantes sofreram lá como o 52 da GBA e o 20x4x20 da Fiote:
Mesmo com esse clima instável, ainda era um campo preferido por muita gente. Nos balões de turmas mais populares e até mesmo de gigantes, era muito comum vermos milhares de pessoas assistindo as solturas e esse excesso de pessoas e carros, literalmente travava todos os acessos ao campo, fazendo com que muitas pessoas optassem em parar seus carros nos acostamentos da Rodovia e isso começou a gerar problemas para os donos do campo. Exemplo foi no 36 dos Naypes, balão solto num dia de semana que literalmente “entupiu” de gente e parou a rodovia.
Histórias como essa do 36 foram muitas e esse excesso de gente parando a rodovia teve um custo muito grande para o Homero e o Lessinho, afinal esse monte de carros num local que costumeiramente não tinha chamou a atenção de vizinhos e da polícia, fato é que em quase 10 anos de Buraco, só o Homero teve 8 processos criminais relacionados a balões por causa do campo.
Além do desgaste causado pelos processos relacionados a armazenagem e soltura de balões, o próprio Homero, em entrevista a GB deixou bem claro que um dos motivos que o fez desanimar foi a forma de que muitos soltavam seus balões e nem recolhiam os lixos e materiais resultantes da soltura de seus balões. Muita gente o criticou depois que começou a cobrar para que soltassem balões por lá o chamando de mercenário, mas frisou que toda a grana arrecadada com os ingressos e as turmas era voltado a manutenção do campo como cortes do mato, melhorias nos acessos e pagamentos do caseiro.
Além dos gigantes, centenas de balões foram soltos por lá em solturas solo e em pequenas revoadas:
Hoje, o Buraco virou uma espécie de clube para Balonismo esportivo, outra paixão do Homero que é um piloto premiado há anos. Logo depois de comprar a parte do Lessinho, ele construiu uma pousada com 10 dormitórios e melhorou a estrutura onde pessoas podem passar o fim de semana por lá passeando de balão.
Foram pouco mais de 10 anos e, sem dúvidas, o Buraco entrou pra história como um dos maiores campos de solturas de balões de São Paulo.
Participe contando suas histórias e, se o seu balão solto por lá não foi listado em nossa pesquisa, basta nos lembrar nos comentários.
Abraços a todos.
Dinho